Arquivo da tag: Assistência técnica

Arquivo_005

No início de 2017, a Tema fez uma parceria com o Espaço D’Elas, para construção coletiva do projeto Casa Viva.

O Espaço D’Elas surgiu com a proposta de ser “um espaço de produção e divulgação da Cena Delas, uma cena de protagonismo feminino na economia criativa”. Oferecia oficinas de produção artesanal, espaço para realização de feiras e bazares, sediava a AMAE (Associação de Mulheres Artistas, Empreendedoras e Produtoras Sócio-Culturais), onde seriam “oferecidas às associadas consultorias em empreendedorismo, economia criativa e produção sócio-cultural; sede de loja colaborativa; espaço de acolhimento infantil”.

Além dos projetos citados acima, o Espaço D’Elas também buscava ser “uma casa incubadora de sustentabilidade, abrigando os mais inovadores projetos de permacultura urbana desde o aproveitamento de água, separação do lixo, captação de energia solar, horta urbana etc.” A esta proposta foi dado o nome de Projeto Casa Viva, e foi aqui que entrou a Tema, colaborando desde a justificativa até a concepção e execução das primeiras oficinas.

O projeto proposto pela Tema sugeria intervenções no espaço físico da casa, em busca de “mais verde, vegetação, e (…) maior contato com a natureza, seus recursos e ciclos para suas frequentadoras e frequentadores”. O PROCESSO de transformação e intervenção no espaço foi concebido para que fosse já o próprio início das atividades da Casa Viva, fazendo jus ao nome do projeto. Assim, aos poucos, a casa seria transformada durante as oficinas temáticas propostas, visto que não havia recursos para uma grande obra antes da inauguração do Espaço. A sequência de atividades foi pensada para que os produtos de uma oficina (e também seus resíduos) pudessem ser aproveitados para o início da próxima.

Dentro deste escopo, foram realizadas duas oficinas no Espaço, sendo a primeira uma “Oficina de projeto com vivência/leitura do espaço e introdução a técnicas sustentáveis de manejo da água”, e a segunda uma “Oficina sobre água da chuva com construção de minicisterna”. As oficinas foram realizadas dentro de uma metodologia PBL (Aprendizado Baseado em Problemas), ou “aprender-fazendo”, em que os conteúdos são apresentados sempre vinculados à resolução de problemas que tenham significado para os alunos.

A primeira oficina foi realizada dia 14/1/2017, no dia da inauguração do Espaço, e teve cerca de 2h30 de duração. Foi feita uma introdução a diversas técnicas sustentáveis de manejo da água de chuva, como  técnicas de tratamento de águas servidas, captação e reuso de água de chuva e drenagem natural. Na sequência, foi feita uma leitura e mapeamento do Espaço tendo em vista a questão da água. Por último, foi feito um desenho – um projeto construído coletivamente – para o Espaço, localizando nele os elementos desejados para um melhor manejo das águas.

A segunda oficina, fruto das definições alcançadas na primeira, foi realizada no dia 11/2/2017, e teve aproximadamente 3h de duração. Abordou os conceitos envolvidos na captação e reuso da água da chuva, e a construção de uma minicisterna (projeto de Edison Urbano, disponível na internet no site www.sempresustentavel.com.br) com todos os seus componentes. Foi ministrada em conjunto com André Bacic Olic, bacharel em Agroecologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sudeste de Minas Gerais.

Foi também entregue, para consolidação do processo, um relatório visual, com as ideias que foram discutidas no grupo da primeira oficina, e sua espacialização, além de outras ideias e soluções propostas pela arquiteta.

Melhorias habitacionais no Vale das Flores / Habitat para a Humanidade


Em 2011, a Tema foi contratada pela ONG Habitat para a Humanidade para executar, na favela Vale das Flores (CSU), em Taboão da Serra, SP, o projeto denominado “Arrumando a Casa”.

O projeto tinha como objetivo executar melhorias habitacionais nas residências da favela, que havia passado por processo de regularização fundiária pela prefeitura. Foi oferecida assistência técnica de arquitetura aos moradores, e também o financiamento das obras.

Dentre as inúmeras atividades executadas pela equipe da Tema, destacam-se as seguintes:

• Vistorias sociotécnicas para seleção de famílias e avaliação de casas, levantamentos arquitetônicos, projetos de arquitetura, desenvolvimento de orçamentos globais;

• Apresentação dos projetos de melhorias habitacionais  e discussão com as famílias, esclarecimento de dúvidas e execução de alterações, ajustes projetuais e orçamentários quao solicitado; validação com as famílias e com os pedreiros de anteprojetos, projetos e orçamentos; orientação sobre os projetos e procedimentos de obra com as famílias e os pedreiros;

• Acompanhamento de obras de melhorias habitacionais, através de vistorias periódicas; orientação na compra de materiais de construção e ida ao depósito para discutir descontos juntamente com moradores e até com pedreiros;

Além disso, ainda foi trabalhada a organização comunitária, com listagem dos pedreiros da área, para prestação de serviços para o projeto e possível formação de uma cooperativa no futuro; e a intermediação de relações locais entre os participantes do Projeto Arrumando a Casa II, com reunião chamada pela Associação de Moradores.

No total, durante a vigência do contrato, foram executadas vistorias em 54 casas; destas, 45 tiveram projetos elaborados, e 27 destes projetos foram aprovados; 23 deram início às obras, sendo que 19 foram concluídas.

O projeto Arrumando a Casa II, de melhorias habitacionais, teve bons resultados no que diz respeito a melhorias reais na qualidade das construções, como iluminação e ventilação naturais, conforto, estanqueidade, estética, e salubridade, de modo geral. Também foi positiva a participação e aceitação do projeto junto aos moradores, e a relação de confiança construída com os trabalhadores autônomos locais. Apesar disso, diversos desafios persistem, segundo avaliação da equipe da Tema, como a segurança do trabalho (pedreiros), a compreensão da população sobre a importância do projeto e o tempo necessário para seu amadurecimento, além das responsabilidades resultantes do processo de regularização fundiária e consequente saída da situação informal em que se encontravam anteriormente, como por exemplo a necessidade de aprovação junto à prefeitura, no caso de obras de construção ou ampliação.

Concurso Morar Carioca


A proposta apresentada se pauta pela abordagem de integração dos projetos de saneamento, habitação, participação, e pelos conceitos e princípios que regulamentam o direito à cidade e a gestão democrática, a função social da cidade e da propriedade. Entende-se que a urbanização das favelas com implantação de infraestrutura visa sua integração à cidade formal, a segurança na posse dos moradores.

A participação ocorre desde o início do processo, em todas as etapas, dos diagnósticos aos projetos urbanísticos, até o pós-obra e a regularização. Aliada às políticas sociais (saúde, educação, meio ambiente, desenvolvimento local), os principais objetivos da participação são o fortalecimento da democracia, da identidade cultural e da organização dos moradores, e a compreensão do projeto.

O saneamento ambiental deverá ser pensado de forma integrada, e organizado no território tendo como unidade básica as microbacias hidrográficas. O manejo de águas e de resíduos sólidos deverá utilizar técnicas sustentáveis, de abordagem naturalística sempre que possível, com o objetivo de diminuir os impactos ambientais das ocupações, e melhorar a qualidade de vida com a implantação de áreas verdes e com o envolvimento da população no cuidado com o ambiente.

Dá-se preferência pela consolidação das habitações existentes, evitando remoções forçadas, após avaliação da qualidade das edificações. São executadas melhorias habitacionais com assistência técnica gratuita e individualizada. A remoção de unidades se dará apenas quando não for possível a eliminação do risco, ou quando houver interferências com a infra-estrutura. Nestes casos, as famílias devem ser relocadas dentro da favela, ou o mais próximo possível, em pequenos projetos e terrenos. Dever-se-á estabelecer parâmetros urbanísticos para cada área, considerando-se suas especificidades. As áreas vulneráveis não passíveis de ocupação deverão ter propostas de uso adequado.

A acessibilidade e mobilidade deverão proporcionar a integração urbanística com a cidade formal através do sistema viário, transporte e espaços públicos das favelas. Serão garantidas soluções mecanizadas para encostas, e implantadas ciclovias nos parques lineares às margens de córregos.

Busca-se valorizar a estética da favela, território conquistado e construído por seus moradores, com sua cultura espacial própria, que reflete e influencia todos os aspectos da sua vida cotidiana.